Biodigestor sertanejo: uma tecnologia social, fonte alternativa de energia
DOI:
https://doi.org/10.5327/Z21769478987Palavras-chave:
agricultura familiar, tecnologia social; biogás; Programa Nacional de Habitação Rural; mudanças climáticas; semiárido.Resumo
A utilização do biogás como alternativa ao uso do gás liquefeito de petróleo (GLP) para cocção de alimentos no âmbito da agricultura familiar é algo recente e com amplo espaço de crescimento. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso do biodigestor sertanejo por agricultores familiares como tecnologia social para produção de gás de cozinha, como fonte alternativa de energia. Visou, também, identificar elementos que contribuam para a divulgação e a disseminação dessa tecnologia como alternativa ao uso de lenha, carvão vegetal e GLP. Utilizou-se abordagens quali-quantitativas, seguindo o método exploratório, com entrevistas e amostragem não-probabilística. Foi considerada uma população com 132 unidades de biodigestores na mesorregião do Agreste Pernambucano, sendo coletadas 83 entrevistas. Os resultados indicaram que a tecnologia social do biodigestor sertanejo proporciona incremento na renda das famílias agricultoras, evita o uso de lenha e carvão vegetal para cocção de alimentos e produz biofertilizante para os cultivos. Também mostraram que o seu uso não contínuo ou desativação está relacionado à falta de matéria-prima e à necessidade de manutenção. Diante desse cenário, sua implantação deve considerar a disponibilidade de fonte de matéria prima na unidade de produção e o potencial de produção de biogás a partir do rebanho existente e da demanda de consumo. Recomenda-se fortalecer os argumentos de impacto econômico e ambiental para as famílias de baixa renda para a disseminação dessa tecnologia; estimular o uso do biogás associado às demais atividades do sistema de produção e incorporar a tecnologia social biodigestor nas linhas de financiamento de crédito rural.
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